Somos assim! Queremos uma coisa e fazemos o contrário. Muitas vezes vivemos marcados por contradições. Propomos o que não vivemos. Anunciamos aquilo em que ainda não acabamos de acreditar. Criticamos o que nós próprios fazemos muitas vezes.
AS pessoas somos complexas. Talvez seja mesmo isso o que faz com que a vida seja tão imprescindível, para o bem e para o mal. O mais importante é que não falte a capacidade de perseguir o bem, ainda que seja com pés de barro. Que nunca falte um coração capaz de arder em paixão e incendiar o mundo, mesmo que muitas vezes acabe por sofrer com isso.
Os pés de barro
«Eu respondi: Senhor, olha que eu não sei falar, sou apenas uma criança» (Jer 1, 6).
É frequente experimentarmos a fragilidade. Sentimo-nos limitados. … Olhamos à volta e parece-nos que todos são mais fortes do que nós, mais sábios, mais sensatos, mais lúcidos… Até as nossas lágrimas parecem tontas. Pensamos no que diriam os outros de nós se nos conhecessem de verdade (certamente que não estariam interessados em mim, pensamos!) Pesa-nos a sensação de estarmos muito marcados pela «imagem» - «fachada»… e não deixamos que outros entrem no nosso mundo interior… onde tudo parece ser mais difícil.
Queremos voar mas estamos atados ao chão. Queremos sonhar, mas velamos despertos… Queremos amar e vemo-nos frios. Queremos cantar e a voz não sai.
Não devemos «queimar-nos» por isso. Todos temos os pés de barro.
Quais são os teus quero mas não posso?
Aceitas os pés de barro das pessoas com quem convives?
…E o coração de fogo
O Senhor respondeu-me: Não digas que ainda és uma criança… irás onde eu te enviar, dirás o que eu te pedir. Não tenhas medo, eu estou contigo para te libertar. (Jer 1, 7)
Ao mesmo tempo também descobrimos que é verdade que há Vida em nós. Há momentos em que o sonho ganha forma, o amor faz-se abraço e retomamos voo. Então não importa a nossa fragilidade, mas sim a fortaleza de Deus e dos outros, que nos ajudam a dar corpo à paixão, à justiça, ao encontro.
Então descobrimos a razão pela qual lutamos e pela qual vale a pena viver. Então o riso é sonoro e os olhos brilham… e transforma-mo-nos em casa para muitos. Então a nossa palavra é carícia que acolhe e dá vida.
Quando é que sentes em ti vida, fogo, paixão?
O que é que te faz «arder»?