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Um eremita no Facebook

Quando aprendi italiano, a minha alegria não foi ler Umberto Eco ou Dante na língua original. A minha alegria foi ler um escritor muito pouco conhecido mas que é, há mais de dez anos, um dos meus autores de eleição. Sempre que abro um dos seus livros, é como se entrasse em casa - talvez porque me abre primeiro a sua. Conduz-me pelos átrios sagrados das feridas e dos combates interiores e faz-me descer à cisterna de águas refrescantes, onde me descalço porque o silêncio se faz música. Eremita, psicoterapeuta, mestre espiritual. É alguém a quem dá vontade de fazer algumas perguntas... no Facebook.
 
1. O eremita

 > O que significa ser eremita no séc. XXI?
 Eremita na acepção comum do termo quer dizer obviamente viver rigorosamente só, sem qualquer contacto com o mundo. Mas, para mim, trata-se sobretudo de uma dimensão espiritual, uma dimensão da alma. Uma dimensão que leva a um estado profundo de quietude e de contemplação. Por isso estou na linha de todos os místicos do passado, desde Santa Teresa a São João da Cruz, Santo Agostinho, São Gregório, São Bernardo… Tornar-se místico não é para todos.
Estou cada vez mais convencido de que é um chamamento. De Deus. É uma dimensão alcançada mais do que conquistada, mas penso que acontece quando nos metemos no caminho do esvaziamento dos desejos do corpo, das tentações e necessidades do Eu; do qual, nos meus livros e profissão como psicoterapeuta, conheço as suas exigências egoístas, omnipotentes e narcísicas. Aos meus leitores, de facto, aconselho sempre a viver a própria existência como viagem de crescimento, de redução ao mínimo da própria neurose, de saber dever morrer. O viver em eremitério, para mim tornou-se natural quando alcancei a dimensão mística.

 > Como é que um eremita usa o Facebook?
 Porque não vivo num eremitismo rigoroso… estou sem qualquer contacto com o mundo por períodos… O Facebook é uma experiência de há poucos meses e quero que seja uma experiência curta, a pôr termo em breve… É como quando escrevo livros… são momentos muito limitados no tempo… porque considero ser, acima de tudo, uma testemunha do meu tempo.

 > Em Itália são perto de duzentas as pessoas que escolhem viver a fé em solidão, seja em eremitérios perdidos na montanha, seja na própria cidade: conheces outros como tu?
 Não. Não tenho relação com nenhum. Também porque sou muito reservado e o meu ser eremita é feito por fases.
Por motivos de saúde física, nestes últimos tempos devo fazer exames e tratamentos no hospital...

> "Devemos aos inimigos a melhor parte do nosso crescimento pessoal" - dizes num dos teus livros. Ser eremita, não pode ser uma fuga do mundo e dos teus inimigos?
 Bem… pelo contrário. Pelo menos para mim, que fiz psicoterapia durante trinta anos… conheço bem a neurose… e podes bem imaginar quanto terei reflectido sobre isto… Claro que tenho grande preocupação em relação a quem se faz eremita… de facto, nunca o aconselhei a ninguém. Os meus livros alertam contra as neuroses.

> Como tomaste a decisão de te tornares eremita?
Não decidi… Fui chamado, desde pequeno, pelo Senhor. Aqui não temos tempo… mas, se quiseres, um dia conto-te.
E, depois, repito, não vivo num eremitismo rigoroso.

2. O psico-terapeuta

 > Durante 35 anos ouviste centenas de pessoas falar sobre os seus problemas mais profundos: o que aprendeste de mais importante sobre o homem e a mulher de hoje?
Que são muito desesperados, sós e vazios… e são habitados pelo medo. São confusos… mas aquilo que me sensibiliza é que desejam ainda ser orientados, querem ainda contar, tornar-se responsáveis… e, num mundo como este, globalizado e amoral porque consumista, é uma grande notícia.

 > Têm aparecido nos media uma série de escândalos sexuais com pessoas famosas. Também é comum ouvir falar de pessoas que têm "tudo" e decidem acabar com a vida: são fenómenos de sempre? Ou é de agora? Como vês isso?
 Experimento muita pena por estas pessoas… e não é só de agora… desde sempre observei e percebi nelas uma escassez de espessura intelectual, uma nulidade de espiritualidade… a mim o sexo já não me interessa há muito tempo… Também este é um tema que deveríamos aprofundar melhor... Aqueles que preenchem o seu vazio existencial com a procura desenfreada do sexo, com drogas, com o hiperactivismo, no fundo revelam um potencial psico-espiritual ainda não realizado, um chamamento não ouvido, uma vocação não seguida.

 > A tua auto-biografia chama-se "De Freud a Deus". Parece haver um ponto em que a psicologia deixa de dar respostas: porquê? Não basta reduzir o grau de neurose pessoal?
Não. Não basta reduzir a neurose porque isso não te dá o sentido da vida… digo nos meus livros que reduzir a neurose serve para limpar melhor o próprio coração, para encaminhar melhor no caminho da auto-consciência, para nos aproximarmos de Deus.

3. O mestre espiritual

 > Alguém dizia que hoje se vive um altíssimo nível de analfabetismo espiritual. Concordas?
 Completamente de acordo.

 > Uma pessoa dizia-me: "sei que tenho uma cave escura e cheia de coisas desarrumadas; mas prefiro não entrar". O medo - por vezes o terror - de entrar em nós próprios parece ser algo que todos vivemos: porquê?
 Qualquer pessoa poderá dizer que entrar dentro de si é um risco mas eu não compreendo como possa uma pessoa viver sem entrar na sua interioridade... Será uma pessoa sem personalidade, sem profundidade, vazia, aborrecida, superficial.
Quanto ao medo, não nos pertence… os meus livros tratam sempre do medo e de como o vencer… o medo, quanto a mim, é a maior blasfémia e tragédia do nosso tempo.
> Quem é Deus para ti? Qual foi experiência mais forte que tiveste da Sua presença?
 Deus, para mim, é tudo.
Tive diversas situações fortes da Sua presença… sempre chorei de alegria profunda, uma anulação plena do Eu...

 > Escreves para ajudar os que procuram o sentido da vida a colocar as perguntas certas. De todas as perguntas essenciais, qual é a pergunta que não podemos deixar de nos colocar?
 Viemos a esta terra porque Ele o quis, não nós… Estamos aqui para cumprir a nossa missão… cada um de nós tem uma… e… eu ajudo a não a esquecer.

 > Um lugar que poderia ser o Céu?
É a única pergunta à qual não sei responder… porque não tenho qualquer ideia de paraíso… penso viver plenamente com Deus agora!

O eremita: Valerio Albisetti
Interlocutor: João Delicado

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