Durante alguns dias Madrid foi a capital dos jovens do mundo. Sem triunfalismo e suportando evangelicamente as provocações de minorias agressivas, prisioneiras de ideologias falidas ou totalitárias, que falam de tolerância mas não suportam pensamento ou comportamento que não seja o seu.
A Jornada Mundial da Juventude afirmou-se como sinal de esperança e proposta de reflexão para a Igreja e para o mundo, especialmente para a nossa Europa marcada pela indiferença, às vezes hostilidade, perante o Cristianismo.
A proposta do Papa deu o tom a esta assembleia: "Cultivai um diálogo pessoal com Jesus, na fé. Dai-lhe a vossa confiança que Ele jamais vos atraiçoará!". A juventude respondeu com atitudes, manifestando-se conscientemente disposta a seguir o convite do Senhor, que é oferta de amizade e proposta de Salvação.
Apraz-me registar o testemunho lúcido do prémio Nobel da Literatura (201 O), Mário Vargas Llosa: " Crentes e não crentes, todos temos de nos alegrar com o que aconteceu em Madrid, onde durante alguns dias a existência de Deus não esteve em causa o catolicismo pareceu ser a única e verdadeira religião". Perante o pessimismo de tantos que pressentem ocaso do Cristianismo na Europa e no mundo, o citado escritor vê nestes jovens o "antídoto permanente" perante as forças anárquicas e destrutivas que geralmente guiam o comportamento daqueles que se julgam acima de qualquer responsabilidade".
Esta juventude veio a Madrid movida por nobres ideais e não se identifica com a geração perdida, desesperada ou revoltada. Pelo contrário, transporta consigo esta ambição de construir o mundo novo prefigurado no "Reino de Deus". Lúcidos mas optimistas têm consciência que "cada época tem os seus problemas, mas Deus dá a cada um tempo graça oportuna para os assumir e superar com amor e realismo"
P. António de Araújo Oliveira, cmf